"Eu escrevo bilhetes para esconde-los, com todo cuidado embaixo das portas"

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Para recomeçar

Ela desejava a vida para além do quase. Ruminava as lembranças agridoces das vivências que construíram seu caminho até o ponto em que havia chegado. Sabia serem essas vivências que haviam delineado a essência do que ela era até ali. "O que eu sou para além da memória de mim?", se perguntava. O que encontrava na gaveta da memória lhe dava a impressão de que antes (ou depois?) do êxtase (esse instante fugaz e ilusório em que se julga ter encontrado o pote de ouro) alguma coisa se rompia e lhe roubava a promessa da permanência de suas conquistas. "Felicidade são pontos tremulantes de luz na noite escura", deduzia. Porque ela tem aprendido que o mais importante passo da vida é o recomeço. O esforço do recomeço para além da dor da queda. A possibilidade do recomeço para além do medo da dor. E tem aprendido que ela também é o que pode vir a ser.

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